Em 2020, o novo coronavírus causou uma pandemia global. Desde então, foram necessários esforços globais e coletivos para amenizar a situação, desde políticas paliativas de contenção até o desenvolvimento recorde da vacina.
A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) já sinalizou que estamos próximos de decretar o fim da pandemia. No Brasil, a rotina praticamente voltou a ser o que era antes. No entanto, começamos a sentir os efeitos da crise provocada pelo período, trazendo impactos sociais e econômicos negativos.
A educação foi um dos setores que mais sofreu impactos. De repente, estudantes de todos os níveis foram forçados a abandonar os estudos presenciais e abraçar modelos remotos e, eventualmente, híbridos. Felizmente, não colhemos apenas frutos ruins disso.
Com essa mudança abrupta, muitas tecnologias e recursos didáticos, outrora negligenciados, ganharam protagonismo.
O post de hoje trata dos impactos da tecnologia na educação pós-pandemia.
Tecnologia e educação na pandemia
De uma hora para outra, deixou de ser uma questão de escolha: ou as instituições e a sociedade adotariam soluções remotas, ou gerações inteiras ficariam educacionalmente desamparadas.
Nesse cenário, a tecnologia se mostrou uma poderosa aliada. Plataformas como YouTube, Hotmart, Coursera, dentre outras, permitiram que as pessoas continuassem aprendendo de forma assíncrona. Com aulas e cursos gravados, as pessoas poderiam aprender quando e onde quisessem, bastando apenas um dispositivo com acesso à internet.
Outras plataformas, como o Zoom e o Meet, permitiram que os professores ministrassem aulas síncronas, em que os alunos acompanham o conteúdo ao vivo, tirando suas dúvidas e compartilhando um ambiente virtual de aprendizado com seus colegas, tudo em tempo real.
Vale ressaltar que o Ensino a Distância (EAD) não é uma invenção nova, fruto das tecnologias digitais. A exemplo, temos o Instituto Brasil Universal, fundado em 1941, que se popularizou entre as décadas de 60 e 80, tornando-se o maior do gênero no país. Antes dele, o Jornal do Brasil oferecia cursos de datilografia por correspondência, ainda em 1904!
A contribuição das novas tecnologias se deu em questões de acesso, dinâmica de ensino, velocidade, alcance, dentre outros benefícios. Dessa maneira, pessoas de diferentes regiões e localidades têm acesso simultâneo a determinado conteúdo, independente da distância, ou mesmo de horário disponível, em caso de atividades assíncronas.
No entanto, cabe discutir sobre o acesso, abordado no próximo tópico.
Acessibilidade e inclusão no meio digital
Acessibilidade e inclusão no meio digital
Apesar de vivermos em um contexto de ampla produção e difusão tecnológica, muitas pessoas ainda possuem acesso limitado às novas tecnologias. Uma pesquisa do Instituto DataSenado constatou que quase 20 milhões de alunos não tiveram aulas na pandemia.
A pesquisa também apontou que cerca de 4% dos alunos da rede privada não tinham acesso à internet; na rede pública, o número salta para 26%. Além disso, 63% dos pais constataram que o rendimento de seus filhos foi afetado negativamente no contexto remoto.
Os resultados da pesquisa mostram que não estávamos preparados para esse cenário. Para piorar a situação, governos costumam reduzir investimentos no setor de educação em tempos de crise. Isso agrava ainda mais a desigualdade constatada, que podem trazer danos incalculáveis – e até irreparáveis, se nada for feito – no longo prazo.
Desafios e oportunidades no pós-pandemia
Em estudo publicado recentemente, a McKinsey tratou dos desafios e oportunidades para a Educação no pós-pandemia. Constatou-se que alunos, professores e instituições estão inclinados a manter as inovações adotadas, mas que há muito mais a se fazer.
O questionário aponta um aumento médio de 19% de tecnologias de aprendizado durante a pandemia. Tecnologias que permitem conectividade e construção de comunidades, como plataformas de discussão e grupos de estudo virtuais, tiveram o maior aumento no uso (49%), seguido por ferramentas de trabalho em grupo, que cresceram 29%.
As tecnologias de interação em sala de aula, como bate-papo em tempo real, enquetes e discussões em sala de reunião, eram as ferramentas mais usadas antes da pandemia e continuam sendo: 67% dos entrevistados disseram que atualmente usam essas ferramentas em sala de aula.
Algumas tecnologias, no entanto, ainda estão com uma adoção aquém do esperado. Ferramentas que permitem o monitoramento do progresso do aluno, de realidade virtual e aumentada (AR/VR), assistentes de ensino (TAs) com aprendizado de máquina, entrega de curso adaptável à IA e exercícios em sala de aula são usados atualmente por menos da metade dos entrevistados.
Parte disso se deve a uma crença, muitas vezes infundada, de que a adoção dessas tecnologias traz um alto custo. Por isso, a adoção dessas tecnologias é mais presente em pequenas instituições públicas, pois conseguem definir estratégias de investimento mais direcionadas e eficientes que as grandes e médias.
Embora sejam grandes os desafios, também são as oportunidades. A digitalização da educação mal começou, mas os primeiros passos foram dados e tudo indica que estamos no caminho certo.